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A cidade de São Paulo viu chegar, pela primeira vez, na semana passada, um evento de âmbito global que trouxe uma competição de automobilismo diferente. Carros que emitem muitos decibéis a menos do que os bólidos da tradicional F-1. A categoria reúne monopostos elétricos que chegaram a quase 270 km/h na reta principal do circuito montado no Anhembi, zona norte da maior região metropolitana da América Latina.
Apesar desse foco na emoção e no esporte, a presença desse verdadeiro show de tecnologia atraiu os holofotes para as empresas que atuam ao redor dessa iniciativa, que aproveitaram para falar sobre um conceito muito maior e no qual a mobilidade elétrica é apenas um dos pontos: a transição energética e a digitalização das cidades. Uma dessas empresas é a Enel, que tem como plano aproveitar sua concessão para ampliar sua presença na região metropolitana com serviços.
Categoria de monopostos ABB Formula E ajudou a atrair os holofotes para a tecnologia aplicada à energia elétrica em São Paulo. Foto: ABB/DPPI
A reportagem da Agência CanalEnergia marcou presença e entrevistou o country manager no Brasil, Nicola Cotugno, para falar sobre a visão da companhia. A empresa colocou recentemente à venda a distribuidora no Ceará e negociou com a Equatorial a Celg-D, em Goiás. A meta é a de focar os esforços nos mercados do Rio de Janeiro e, principalmente, em São Paulo, seu maior mercado no país.
Segundo ele, a companhia deverá digitalizar toda a sua concessão em São Paulo em cerca de cinco anos. Para isso está sendo desenvolvido um trabalho de substituição de medidores que deverá chegar ao pico de 1 milhão de unidades ao ano. Atualmente, conta ele, há cerca de 300 mil unidades do chamado smart meter em sua área de concessão.
Cotugno conta que esse é no momento o principal projeto da empresa em distribuição no país. E esse aporte é feito olhando para o ambiente do futuro do setor elétrico em que a tecnologia ganha mais espaço, dando mais poder ao consumidor em gerenciar e escolher como deve ser seu relacionamento com a empresa de energia. Ele compara essa relação assim como já acontece no segmento de telecomunicações.
“Abrir o mercado mercado traz a oportunidade de o cliente escolher, na hora de comprar serviços ele tem que ter o poder de escolha de quem comprar e ter produtos que sejam orientados a suas necessidades e de quem ele tem confiança”, comenta. “E em São Paulo esse potencial é gigante”, define.
Mas para chegar a esse momento o investimento precisa ser feito para modernizar e digitalizar a rede que é em sua grande extensão, analógica. Até porque ele lembra que o setor está mudando de uma caraterística de unidirecionalidade para uma pluralidade de agentes.
“As redes estão cada vez mais complexas a unidirecionalidade que tínhamos mudará teremos que gerenciar carregadores de ônibus com o avanço da mobilidade elétrica, placas solares que estão instaladas na região, baterias, entre outros dispositivos. Por isso, a rede do futuro não pode ser analógica e sim digital”, acrescenta.
Outro benefício com a digitalização é a proximidade que a empresa poderá ter com os clientes. Cotugno classifica essa mudança como uma revolução no país com base na experiência que a companhia vivencia em outras regiões do mundo, inclusive em seu país sede, que está na terceira geração dos medidores. Aliás, ele não gosta dessa definição para o dispositivo, diz que no futuro será um gerenciador, não apenas um aparelho que serve para medir o consumo e que no final das contas auxiliará as pessoas na busca por mais eficiência energética.
Um exemplo dado pelo executivo é a possibilidade de escolha de quando o cliente poderá consumir mais energia a um preço menor porque o smart meter abre a possibilidade de oferecer tarifa diferenciada a depender da hora do dia. E cobrar a mais, uma possibilidade que só existe hoje em grandes consumidores com a tarifa horo-sazonal.
“Essa possibilidade permite não apenas otimizar os recursos energéticos de forma mais inteligente, mas os recursos técnicos também”, destaca.
Mas para chegar a esse momento, ele lembra que a empresa vem atuando na capacitação de empresas parceiras que deem suporte para o aumento progressivo da instalação desses equipamentos na área de concessão paulistana. Os aparelhos utilizam a tecnologia patenteada pela empresa na Itália, mas a maior parte desses aparelhos são produzidos em Manaus.
Mobilidade elétrica
Sobre o ponto que atraiu as discussões, Cotugno lembra que já existem iniciativas com foco além do P&D já são comercialmente viáveis quanto a mobilidade elétrica. Estas mais focadas em transporte de maior porte como de pessoas e de cargas dentro das grandes cidades.
Baterias deverão cair de preço e o custo do transporte elétrico deixará de ser impeditivo. Foto: Mauricio Godoi/Agência CanalEnergia
Ele lembra que o custo do transporte individual ainda é elevado por aqui, mas que a tendência é de queda de preços das baterias assim como ocorreu com as fontes eólica e solar. Mas ressaltou de outro benefício que ajuda a mitigar a emissão de poluentes, o transporte é responsável por 30% das emissões no mundo e ainda a poluição sonora. No final das contas ajuda a trazer mais qualidade de vida e ajuda na redução dos gastos com saúde pública. “É qualidade de vida que chega com o uso da tecnologia”, finaliza.